Ahoy meus caros marujos!
Ontem eu fui convidado para uma festinha da tripulação de uma embarcação da qual já fiz parte. Estava tudo indo muito bem, até o momento em que um guisado foi servido.
Todos esperavam ansiosos pela especialidade da casa, no entanto, quando eu finalmente consegui servir um pouco, o aroma da refeição não me agradou. Como eu vi que muitos estavam devorando ferozmente o guisado, perguntei se eles não haviam estranhado o cheiro.
Disseram-me que eu estava vendo chifres em cabeça de cavalo! Mas, como meu nariz já havia me livrado de muitas ciladas gastronômicas, resolvi abrir mão do guisado e beliscar outras iguarias. No dia seguinte, muitos dos que comeram do guisado tiveram um “dia tempestuoso”.
Não é que eu tenha um super olfato, digamos que eu herdei do meu pai essa capacidade de perceber algo errado nos alimentos pelo seu aroma. Eu tive uma visão privilegiada do caso graças essa característica.
Para vocês parece estranho mencionar ponto de vista em um caso envolvendo o olfato? Então me permitam contar o relato de um cego que enxergou mais que uma multidão inteira.
Havia em Jericó um cego de carteirinha. Na verdade, de carteirinha não, de capa! Um certo filho de Timeu que havia sido avaliado pelos representantes do governo, e, após confirmada sua deficiência, eles concederam ao cego uma capa que lhe garantia o direito de mendigar.
Seu ponto de mendicância era uma das estradas que davam acesso á cidade. Eu imagino quantos rumores e testemunhos do ministério de Jesus ele deve ter ouvido nessa estrada. Quem sabe esse Jesus poderia mudar a sua vida? Ele cura tantas pessoas, quem sabe ele pudesse tirar Bartimeu daquela situação degradante?
Então veio o dia da multidão. Curioso com o fato incomum, o cego perguntou o porquê de tantas pessoas reunidas.
“É Jesus de Nazaré que está passando por aqui”. Alguém lhe respondeu.
Sem pensar duas vezes, Bartimeu começa a clamar em alta voz: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim”!
Eis a visão privilegiada do cego. Mesmo sem ver fisicamente o homem cercado pela multidão, ele enxergou o messias presente entre seu povo!
O resto da história é bem conhecida de vocês. O filho de Davi chamou o cego, Bartimeu abandonou de imediato a sua capa de mendicância, e Jesus lhe concedeu a visão.
É marujos, que Deus nos conceda a graça para entender que nem tudo que aparenta apetitoso nos faz bem. E que sejamos confortados ao sabermos que o Deus de misericórdia está a um clamor de distância. Mesmo que não possamos ver nitidamente.
(Texto bíblico citado na história: Marcos 10. 46 a 52)