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Novos capitães; mesmos cuidados

Ahoy meus caros marujos!

Vocês se lembram do evento que foi notícia nos sete mares nesses últimos dias? Exatamente, a troca do capitão de um dos maiores transatlânticos do mundo!

O antigo capitão renunciou do cargo alegando que a sua idade avançada já criava dificuldades para exercer sua importante tarefa. Em pouco tempo surgiu a expectativa e o burburinho sobre quem seria o seu substituto. Os oficiais da embarcação reuniram-se para tomar essa decisão, enquanto a tripulação aguardava ansiosamente.

Eu estava passando no local onde o navio estava ancorado, vocês não imaginam a multidão que estava reunida naquele local! Pessoas de várias nacionalidades, conversando em vários idiomas, ansiosos pelo resultado do conclave dos oficiais.

Permaneci alguns minutos observando o ambiente, realmente admirado com o evento, quando eu finalmente pensei em partir, um silêncio repentino tomou o ambiente. A reunião dos oficiais havia finalmente terminado e o novo capitão foi apresentado à sua tripulação. Ele surgiu ao som de um tango e trajando uma camisa listrada verticalmente em azul e branco.

Em seu primeiro discurso, ele agradeceu o carinho de todos e disse que precisaria da oração e da ajuda de todos para poder conduzir essa grande embarcação por boas águas.

Imagino o quanto ele deve ter ficado apreensivo, ele estava assumindo o timão de uma das maiores naus do mundo! Seriam muitas vidas sobre sua responsabilidade!

Isso me lembra de um fato ocorrido com o pescador parrudo da Galileia. As palavras de Jesus ainda ressoavam nos ouvidos do apóstolo Pedro: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lucas 24. 49). Eles ainda permaneciam reunidos naquela cidade unicamente devido a essa ordem.

Todos estavam reunidos em um único lugar, Jerusalém estava recebendo peregrinos de várias nações devido à festa de Pentecostes, seria perigoso algum cristão ser visto em público. Eles estavam em um período de oração quando Pedro percebeu o primeiro assovio.

Tudo começou com o som de um assovio, que foi aumentando, ganhando intensidade, até preencher o ambiente com o som de um vendaval! Labaredas de fogo começaram a descer do céu e tocar a cabeça dos discípulos, eles começaram a falar em outras línguas através do poder do Espírito de Deus, e esse movimento ganhou as ruas da cidade de Davi.

É evidente que isso chamou a atenção das pessoas que estavam superlotando a cidade. Todos gostariam de entender como aquelas pessoas aparentemente humildes, conseguiam falar das maravilhas de Deus em tantos idiomas diferentes. Seria uma nova doutrina? Ou eles estariam embriagados?

Pedro, acompanhado dos demais apóstolos, resolveu explicar a situação. Ele procurou um local estratégico para falar com a multidão aglomerada e chamou a atenção deles:

– Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém…

No mesmo instante todos olharam para o apóstolo. Pessoas de várias nacionalidades, falantes de dezenas de idiomas, esperando as palavras do pescador galileu.

Eu imagino Pedrão com um nó na garganta. O que falar para essas pessoas? O que devo fazer?

Quem sabe, naquele momento, Pedro pode ter se lembrado de outras palavras de Jesus:

– Apascenta as minhas ovelhas (João 21. 16).

E ele cuidou das ovelhas! Pedro defendeu a credibilidade da igreja, aquele movimento não era causado por bebida ou desvio doutrinário, mas era o cumprimento das promessas de Deus ao seu povo. O apóstolo mostrou que Deus estava revelando através daquela pequena igreja recém-nascida, o senhorio de Jesus de Nazaré, o Cristo tão aguardado por Israel.

Naquele mesmo dia, Pedro viu o rebanho de Jesus multiplicar-se de cento e vinte, para mais de três mil pessoas!

Marujos, eu oro para que o capitão do Transatlântico romano seja bem aventurado em seu ministério, e conduza a sua tripulação por boas águas. Aliás, que todos os capitães que almejam chegar à Nova Jerusalém tenham esse mesmo cuidado com o rebanho do Sumo Pastor. Preservando nossa identidade e nossa integridade.

(Texto bíblico usado na história: Atos dos Apóstolos capítulo 2)