Ahoy meus caros marujos!
Vocês já devem ter percebido que eu amo boas histórias. Sou daqueles que se apegam aos personagens e me emociono com o desfecho de suas aventuras.
Em certos momentos, fico pensando em como seria o encontro de alguns personagens icônicos. Imagine Simbad e o capitão Gol D. Roger navegando juntos pelos mares. Ou a beleza de um poema épico estrelado por Hércules e Thor!
Pensando bem, por várias vezes nós já ouvimos a frase: “Vem ai o confronto do século!” Anunciando o combate entre dois lutadores famosos, de carreiras brilhantes, mas que nunca se encontraram. Infelizmente, muitos desses “combates do século”, não passam de bravatas para atrair público.
O primeiro livro dos reis nos narra uma oportunidade em que, uma multidão composta por representantes de todo o reino do Norte, foi convocada ao monte Carmelo para ouvir o profeta Elias. Todos queriam ouvir o homem acusado de ser o responsável pela estiagem que devastava o país.
Diante da multidão curiosa, o homem mais procurado de Israel começou seu discurso:
– Israel, até quando vocês coxearão entre dois pensamentos? Quanto tempo levarão para tomar uma decisão quanto à sua fé? Não hesitam em afirmar que são descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Que pertencem a um povo escolhido pelo Senhor. Então, se o Deus dos patriarcas é o seu Deus, por que não o adoram como Ele merece? Por que vocês cederam à apostasia que dominou a sua família real? Ora, se Baal realmente é deus, abandonem de vez ao Senhor e o sirvam fielmente aos seus ídolos.
O silêncio se tornou quase palpável no Carmelo. Centenas de pessoas cabisbaixas permaneceram sem palavras diante do profeta.
Após um longo suspiro, Elias continuou falando ao povo reunido:
– Percebam que hoje temos aqui quatrocentos e cinquenta profetas do deus Baal, e eu sou o único profeta do Senhor presente. Façamos o seguinte: preparemos dois bois para o sacrifício, os profetas de Baal clamarão ao seu deus, e eu clamarei ao Senhor. Aquele que responder as orações, enviando fogo sobre o sacrifício, será o verdadeiro deus.
O silêncio deu lugar à euforia. Toda a multidão aguardava ansiosa enquanto observava a preparação do “duelo do Carmelo”. Todos conjecturavam sobre o que aconteceria no “combate entre deuses”.
Bom, na verdade, não aconteceu um duelo. Tudo foi muito demorado e chato para os expectadores. Os profetas de Baal invocaram o seu deus por quase oito horas, sem conseguir nenhuma resposta. Nem mesmo os cortes que eles faziam em seus corpos, ou as profecias que alegavam ser palavras de Baal, conseguiram evitar os bocejos e tosquenejadas da multidão.
No entanto, bastou Elias restaurar o altar de Israel, e algumas poucas palavras em oração, para que finalmente aquelas pessoas pudessem presenciar algo maravilhoso naquele lugar. Deus enviou fogo do céu que consumiu o sacrifício oferecido. Isso foi o suficiente para que todos os presentes reconhecessem em alta voz que “Só o Senhor é Deus”.
Na minha modesta opinião, a multidão que esperava ver um duelo dos deuses, saiu como a grande vencedora daquela tarde no Carmelo. Eles puderam desferir um golpe mortal na idolatria e nas dúvidas.
A cada dia participamos de batalhas épicas para manter a nossa fé (Judas 1. 3); e somos convocados a lutar pela manutenção da fé de outros, através de atitudes piedosas que vencem os ardis de nosso adversário (judas 1. 22 e 23/ 2 Coríntios 2. 10 e 11).
Para nossa sorte, a cada dia o Senhor nos dá provas visíveis e invisíveis de sua graça e misericórdia. E nem é preciso uma reunião como a do monte Carmelo, basta estarmos atentos pelo precioso vínculo da fé.
“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5.4).
(Texto bíblico citado na história: 1 Reis 18. 19 a 39)