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Os Miseráveis somos todos

Nesse feriadão de fevereiro fui assistir “Os Miseráveis” no cinema com uma amiga. Saí de lá com alguns pensamentos presos na cabeça e quero compartilhar com vocês.Vou procurar trabalhar com a ausência total de spoilers (se é que isso é possível, já que a parada é de 1800 e bolinhas), don’t worry.

Aliás, assista Le Misérables. Só dispense se você DETESTA musicais. Porque é isso que o filme é, MESMO.

A trama já é bem conhecida da maioria. Sinceramente me lembrava vagamente de tudo. No 2º ano do Ensino Médio minha sala toda fez uma peça sobre o tema e alguns elementos iam vindo à memória enquanto eu assistia.

Mas, o que ficou mesmo na minha cabeça foi a evidente decadência humana. Como cristã, na maioria das coisas que vemos/vivemos, acrescentamos Deus e nossa vivência de mundo a leitura dos elementos. Os Miseráveis é um prato cheio pra gente sair pensando na vida, até mesmo porque durante todo tempo existe um questionamento muito claro ao Divino.

França pobre. Decandente para muitos, luxuosa para outros poucos. Nesse retrato da falta de afeto vi como é o homem sem a Graça: egoísta, prepotente, preocupado com os seus, apenas. Ou melhor, vi como somos.

Também vi bondade. Não que Jean Valjean tenha tomado o caminho certo, mas o que mudou sua vida para sempre (vida que foi punida pelo desespero da nossa insignificância) foi um ato de bondade. Ato que gerou um coração bondoso. Mostrando como nossas ações podem transformar vidas. Aquela mão estendida foi tudo que Valjean precisava para entender que ainda havia esperança e que ele poderia ser parte dela.

Ato que gerou incompreensão por parte de quem até ali só entendia o que é dar e receber. Assim somos nós quando nos deparamos com um Deus que nos ama e nos salva desconsiderando qualquer esforço ou mérito. Ou vai dizer que você nunca parou pra pensar nisso de uma forma tão intensa que ao mesmo tempo em que te dava alegria, te deixava confuso?

Como pode alguém nos estender a mão quando tudo que fizemos o aborreceu?

No fim das contas, somos todos miseráveis. Os elementos que compõem tão aclamada história ainda estão aqui, séculos depois.

Existe pobreza e o descaso com ela.
Existem guerras de ego que matam milhares.
Existe quem lute por igualdade.
Existem políticos corruptos soltos enquanto aquele que roubou o pão para alimentar os filhos está preso e não sendo ajudado.
Existe a mãe solteira que para criar seu filho faz o que for preciso.
Existe gente que não consegue entender o que é Bondade.
E existe gente que foi capturada por Ela.