Louvor e adoração, palavras que causam as mais diversas reações no meio evangélico, palavras que estão sempre em evidência no nosso meio, tanto no culto quanto nas palestras e seminários corriqueiros sobre o tema, mas ainda sim é difícil encontrar comunidades e até mesmo cristãos que entendam e apliquem o significado dessas palavras em sua vida. Em linhas gerais as pessoas compreendem louvor e adoração sendo a mesma coisa, mas como veremos tem significados muito distintos e que carecem de um maior entendimento:
– Louvar: Segundo o dicionário “Ato de enaltecer alguém ou alguma coisa; elogio, apologia”. Isso quer dizer que louvar é essencialmente elogiar, enaltecer, engrandecer algo ou alguém, e no nosso caso específico podemos definir que estamos tecendo elogios à Deus;
– Adorar: Mais uma vez recorrendo ao dicionário “Prestar culto a. Reverenciar. Amar muito. Venerar.”. Interessante que amar muito é definido como adoração, portanto o mandamento dado por Jesus – Amar a Deus acima de todas as coisas – pode ser considerado o ato máximo de adoração, em outras palavras, qualquer coisa que façamos que demonstre nosso amor por Deus é a nossa adoração.
Um exemplo que podemos usar é anunciar o evangelho é tanto um ato de louvor, quanto de adoração a Deus, porque expressamos o nosso amor por Ele e também exaltamos seus atributos para aqueles que o desconhecem, portanto a adoração é aquele sentimento mais interior, que não pode ser expresso, e o louvor é a tentativa de expressar o quanto amamos a Deus.
Quando amamos muito alguém procuramos respeitar suas normas para que nossa relação com essa pessoa seja feliz e agradável, isso acontece entre pais e filhos, casais e amigos. Fazemos coisas, ou às vezes deixamos de fazer, para que o outro se sinta respeitado e amado, sabendo que o que nos pede é para nosso próprio bem. Da mesma forma isso se aplica na adoração a Deus; se o amamos muito é natural que queiramos conhecê-lo mais, e conhecendo-o mais passamos a entender melhor Sua vontade para conosco, e entendendo a Sua vontade procuramos aplicá-la à nossa vida, e depois de aplicarmos Sua vontade em nossa vida enxergamos que as coisas acontecem de uma maneira muito melhor do que se tivéssemos agido do nosso jeito, e aí sim passamos a louvar a Deus porque Ele se faz vivo e presente em nós.
Como disse um pastor em uma pregação, o culto deve ser vertical, isto é, nós direcionamos o nosso louvor e adoração à Deus, mas infelizmente hoje os cultos são extremamente horizontais, feitos de nós para nós mesmos. Deus tornou-se um instrumento para alcançar bençãos e curas, suas palavras tornaram-se apenas discursos motivacionais e as músicas encaixam-se apenas em duas categorias; intermináveis petições ou exaltação de nós mesmos (basta ver a quantidade de vezes que a palavra “eu” aparece nas letras). É exatamente por isso que o louvor, mesmo que muitas vezes tenha a palavra Deus no meio é hipócrita, porque ele não expressa essa adoração interior, porque não o amamos como deveríamos, não praticamos a sua palavra, não o cultuamos como deveríamos.
Nosso louvor, sejam orações, músicas, pregações, são apenas rituais de idolatria, não a Deus, porque simplesmente o desconhecemos, mas a nós mesmos. Comemora-se quantidade; de pessoas, de dinheiro, de exposição, de eventos, e não a qualidade; dos relacionamentos, dos discipulados, do conhecimento bíblico.
A adoração tem que voltar a ser de dentro para fora, começando no entendimento da Palavra de Deus e indo até a prática diária da sua vontade, o louvor tem que expressar essa nossa prática cotidiana da sua vontade e assim o culto deixará de ser para nós mesmos e voltará a ser para Deus.