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E você, já fez sua fezinha hoje?

O texto que você vai ler é sim uma crítica ao “cristianismo” professado por grande parte da igreja evangélica brasileira, e tem como objetivo mostrar como um ensinamento errado pode desvirtuar o propósito e mensagem do evangelho de Jesus Cristo.

Os jogos de aposta fazem parte da nossa cultura e estão presentes no cotidiano dos brasileiros, até mesmo daqueles que não têm a prática de apostar. É comum ouvir um amigo, vizinho ou conhecido dizendo que sonha em ganhar na loteria e ficar milionário. Quem não quer, não é?

Ok. E aí, você me pergunta: você está escrevendo contra as apostas? Eu respondo pra você: não. Com esse texto, na verdade, pretendo mostrar pra você quanto o cristianismo protestante tem se parecido com um jogo de loteria. Como temos encarado a nossa fé como um bilhete que nos dá o direito de concorrer a um prêmio tão almejado.

Mas para que eu consiga mostrar isso a você, prezado leitor, preciso que você se desprenda um pouco das amarras religiosas e do corporativismo evangélico, porque vou tocar num assunto nada agradável de se pensar: a manipulação da fé de terceiros por parte das mais influentes lideranças evangélicas.

Pra começar, preciso te convidar a lembrar como funciona um processo de aposta. Primeiramente você precisa se dirigir a uma casa lotérica, em seguida precisa pagar por um bilhete de loteria e, então, preenchê-lo com os números (da sorte?). Feito isso, é só aguardar pelo sorteio. Quem sabe você não é contemplado? Você deve saber que o ato de jogar, popularmente é conhecido pelo termo “fazer uma FEZINHA“. E é com isso que quero comparar a forma como a grande maioria dos evangélicos têm sido ensinada a relacionar-se com o cristianismo e o ato de ir à igreja: uma grande CASA LOTÉRICA.

Observe atentamente e analise a postura e comportamento imposto pelos “pastores” da mídia, ensinamento este recebido pelos fieis sem que antes testar o que se diz pelo crivo das Escrituras. Você verá que o procedimento é exatamente o mesmo que um apostador faz quando deseja fazer sua aposta.

O fiel é encorajado a comprar seu bilhete (carnê de contribuição, dar o dízimo, ofertar); escolher os números (os maiores valores possíveis) e aguardar o resultado (bençãos materiais e prosperidade). Somos ensinados por nossos líderes que precisamos ir à igreja pra “buscar a nossa benção” aguardando que “aquele que sorteia” libere o prêmio pra nós que apostamos Nele. E esse é um pensamento pagão, não cristão. Como pode alguém que se diz servo de Deus agir assim com aquele para quem diz que entregou sua vida? Digo que é um pensamento pagão, pois o comércio (troca) faz parte da cultura humana.

Humanamente somos ensinados da seguinte forma: o que é meu só é meu porque eu detenho direito sobre aquilo. Já a mensagem do evangelho ensina que tudo o que temos, na verdade, é dádiva de Deus, e se é dádiva de Deus, eu não tenho direito nenhum sobre aquilo, nem mesmo sobre a fé que tenho. Logo, se não tenho direito sobre a fé que tenho, não posso utilizá-la como bem entender. O que quero dizer com isso é que a fé não é um bilhete que eu comprei, mas um dom recebido por mim como um presente, diretemente do próprio Deus (Efésio 2:8).

O que a Bíblia ensina é bem diferente: vamos à igreja, não para “fazer uma FEZINHA” naquele que vai nos dar um prêmio pela minha persistência e aposta, mas para cultuar Àquele que providencia todos as coisas por intermédio do sacrifício de Seu Filho na cruz. Vamos à igreja, não para buscar uma benção, alcançar uma graça, mas para comungar com os nossos irmãos e, durante essa comunhão, compartilhar aquilo que temos recebido do nosso Pai. Esse é o sentido de estar em igreja, ADORAR e COMUNGAR.

Se você tem encarado a sua fé como uma moeda de troca com Deus, saiba que essa fé que você está usando é sua e não vem Dele. A fé verdadeira é aquela que salva, e essa fé que salva é recebida por nós como presente de Deus. Logo, se é um presente, não é possível usá-la para comprar bençãos do Deus que a concedeu.

Que retornemos à essência do viver cristão e que a forma como nos relacionamos com o nosso Deus seja pautada pela Bíblia e não pelas técnicas ensinadas pelos fariseus televisivos. Pense aí!

Que Deus abençoe a sua vida.