Ahoy meus caros marujos!
Hoje foi nossa tarde de folga, e como de costume, eu fui à taverna Galo Forte, local preferido de toda a tripulação para passar alguns momentos agradáveis. Bom, nem todos, o Lucas tem uma estranha aversão ao estabelecimento.
A casa estava cheia, e em todas as mesas havia pessoas animadas e conversando alto. Percebi que o imediato Thiago estudava livros de registro e uma árvore genealógica, enquanto o capitão Matheus dava tapinhas em seu ombro dizendo: “Primo não é parente”. Em outro canto o imediato Pedro tentava vender adesivos “FAMÍLIA NO BARQUINHO” para colar na proa das embarcações.
Lá pelas tantas da tarde, o assunto de uma das mesas se espalhou pelo ambiente, semelhante a uma fagulha em rastro de pólvora. Alguém havia começado uma brincadeira de suposições, tipo: “E se você não fosse um marinheiro?” Logo as perguntas saíram do campo pessoal para passearem por suposições filosóficas e teológicas.
Qualquer estudioso ou conhecedor das escrituras já deve ter imaginado questões do tipo: “e se Deus não tivesse permitido tal coisa?”; ou “e se tal personagem não tivesse obedecido ao mandamento divino?” No entanto, existem alguns “e se” que me dão calafrios só de pensar.
E se o Senhor Jesus não tivesse abandonado sua majestade divina para nascer como humano? E se Ele tivesse cedido às tentações do Diabo no deserto? E se Ele tivesse chamado seus anjos no Monte das Oliveiras (Mateus 26. 53), evitando assim a crucificação? E se Ele não tivesse enviado o Consolador? E se a igreja não fosse obediente quanto à pregação do evangelho? E se essa mensagem não tivesse nos alcançado?
Com toda a certeza ainda estaríamos cegos em nossos pecados. Como poderíamos entender nosso erro? Não haveria luz para revelar as obras infrutíferas das trevas. Não haveria a viva esperança de uma eternidade ao lado de Deus.
Ainda bem que esse cenário terrível está somente no campo da suposição. No entanto, pensando bem, ainda existem muitos que vivem essa cruel realidade!
Milhares de pessoas à nossa volta não sabem o verdadeiro motivo da obra de Cristo, eles não foram confrontados com a pregação do evangelho, e nem receberam a palavra que liberta. Eles vivem em trevas e, por várias razões, a nossa luz tem sido fraca, impedindo que eles encontrem o verdadeiro caminho.
Está ficando tarde, quero terminar essa conversa parafraseando o já famoso bordão do Matheus: E se formos melhores?
E se vivermos um cristianismo mais genuíno? E se amarmos mais? E se a palavra de Deus voltar para nossos púlpitos? E se voltarmos a engrandecer a Deus com nossas músicas? E se investirmos tempo e oração por aqueles que queremos trazer para Deus? E se as comunidades eclesiásticas voltarem a ser sinônimo de comunhão, respeito e idoneidade?
Está conosco a capacidade de sairmos do campo da imaginação e, com a graça de Deus, alcançar mais discípulos.
Hora de zarpar marujos. O destino? O campo missionário que Deus nos proporciona. Sejamos melhores nessa nobre tarefa!