Ahoy meus caros marujos!
Sou um apreciador de pássaros, não me considero um ornitólogo, mas gosto de observar várias espécies durante as viagens.
Certa feita, estávamos trabalhando em uma ilha que possuía muitas árvores frutíferas. O seu fruto doce e de casca macia era a festa de várias aves, exceto uma pequena espécie de pardais. Os pequeninos preferiam passar horas caçando lagartos e insetos.
Eu considerava os pequenos muito burros, por não aproveitarem o banquete exposto. Porém, semanas depois começaram a surgir os primeiros sinais do inverno, nesse momento eu percebi a sabedoria dos pardais.
Todos os pardais começaram a peregrinação para terras mais quentes, entretanto, muitos pássaros das outras espécies pereceram devido ao consumo excessivo daquele fruto.
De alguma forma, os pardais sabiam que aquela fartura era passageira, que aquela ilha não seria um lar permanente, e que eles deveriam estar prontos para simplesmente seguir em frente. Muitas das belas araras, gaivotas e tucanos, que eu considerava bem aventurados, morreram por não estarem prontos. Enquanto isso, os pardais considerados “burros” sobreviveram e continuaram sua jornada.
Que lição de desapego e renúncia! E esse exemplo gerou reflexões profundas em meu ser: O quanto eu tenho renunciado por amor a Deus? Será que eu tenho participado dos banquetes mundanos, somente para não ser tachado de trouxa? Estou persistindo em minha caminhada cristã, ou estou estacionado, ou até mesmo olhando para trás, devido às paixões desse mundo?
O apóstolo Pedro menciona em sua primeira carta esses tropeços mundanos que nos impedem de caminhar, e dá um precioso conselho para a igreja militante e peregrina:
“Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pedro 2. 9 a 12 / Grifo nosso).
Vivemos dias hedonistas, em que as pessoas vivem por conquistas e sucessos! Todos buscam seus “minutos de fama” e a glória dos holofotes. Isso não é para a igreja. Devemos mostrar com a nossa vida e testemunho que existe uma glória superior à fama desse mundo. A igreja é a luz do mundo, não para conceder alguns momentos de aplausos, mas para iluminar o caminho de vida eterna. Devemos saber lidar com as dádivas terrenas concedidas por Deus, para que em tudo o Seu nome seja glorificado.
A dieta de lagartos e insetos nem sempre é prazerosa, mas evita que o gélido laço da morte nos alcance! Andar sobre a luz do Evangelho preserva a nossa alma da destruição!
“Faze bem ao teu servo, para que viva e observe a tua palavra. Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei. Sou peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos” (Salmo 117. 17 a 19).