Uma história de Natal.
Desde pequeno, ele foi ensinado a frequentar o templo. Ouvir as histórias dos patriarcas, contadas pelos sacerdotes, tornou-se um prazer para aquele menino.
As maravilhas da criação, o grande dilúvio e a aventura de Noé, o chamado do pai Abraão, a liberdade adquirida através de Moisés, as façanhas do grande rei Davi. Aprender a história de seu povo, e entender o cuidado de Deus com Israel, despertou em seu coração de criança a fé necessária para encarar a realidade do lado de fora do templo, ou do seu lar.
Em seu pensamento infantil, o garoto não entendia o porquê dos adultos sempre temerem e ficarem calados diante dos soldados da nação estrangeira. Homens cruéis e que zombavam da fé dos judeus. Levou algum tempo para seu pai lhe explicar, quase sussurrando em um canto da casa, que um dia Deus iria mandar um Messias, um Rei para restaurar Israel.
Os anos passaram, e alguns candidatos a Messias realmente apareceram. Homens cansados da servidão ao César, discursavam ferozmente tentando alistar os jovens para sua campanha militar. O rapaz viu muitos dos seus amigos pegarem em armas empolgados. No entanto, todos os focos de resistência foram dizimados e seus líderes crucificados.
O recado estava dado! Era melhor não enfrentar o rei do grande império. No entanto, o domínio romano passou a ser uma questão menor no seu coração. Com o passar dos anos ele pôde perceber mudanças na espiritualidade de seus compatriotas. A cada dia o ritual se tornava mais importante que a devoção. Não havia mais a mesma devoção nas reuniões, onde estava o Deus que enchia os olhos desse povo de esperança na sua juventude?
Certo dia, enquanto voltava das suas orações no templo, ouviu zombarias de soldados romanos:
– Vejam esse velho, voltando do templo do Deus sem imagem. Abandone essa crença judeu, e reverencie nossos deuses que nos entregaram sua nação.
Chegando em casa, com o coração dilacerado e lágrimas nos olhos, o ancião orou:
– Deus, por toda a minha vida tenho servido ao Senhor com a mesma disposição, tenho tentado orientar minha família e conhecidos à obediência da sua palavra. Mas, Senhor, estou velho, o que será da minha família? Do seu povo? Realmente não há esperança para Israel?
O que aconteceu a seguir fez aquele velhinho se lembrar dos dias da inocência da infância. Uma voz sussurrada aos seus ouvidos, uma promessa grandiosa, paz e alegria a uma alma cansada.
Algum tempo depois, ele estava no templo, e enquanto orava ouviu novamente aquela voz.
– Simeão.
– Sim, meu Senhor?
– Levante a cabeça e me diga o que vê.
– Vejo um jovem casal com uma criança.
– Simeão, esse menino é aquele sobre quem Isaias escreveu: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
O ancião levantou-se, e com o rosto já banhado em lágrimas perguntou ao casal:
– Por favor, posso ver a criança de vocês?
A mãe lhe ofereceu o bebê. Mesmo com as mãos trêmulas, Simeão segura o menino e ora ao Senhor:
– Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos, luz para alumiar as nações e para glória de teu povo Israel.
A equipe do No Barquinho agradece a todos nossos amigos e ouvintes por mais um ano de companhia. Somos gratos a Deus por cada um de vocês.
Sabemos que estamos vivendo dias de crise e incertezas, no entanto, desejamos que o Natal de vocês seja repleto de esperanças renovadas, e da presença Daquele que nos ajuda e consola em todos os momentos.
Feliz Natal marujos!
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Texto “Uma História de Natal”“: Alexfábio Custódio
Edição e masterização: Chico Gabriel
Arte da vitrine: Chico Gabriel
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Duração: 00h07min06s
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