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À Deriva #17 – A esperança é a última que morre

Eu nunca esperaria que essa história terminasse assim! Não dessa forma, não com Ele!

Eu me lembro do dia em que tudo começou, naquela época todos estávamos impressionados com a coragem e autoridade de João Batista.

João era um pregador impressionante, não me lembro de alguém que ousasse questioná-lo. Porém, naquela tarde à beira do rio Jordão, o profeta interrompeu seu sermão para anunciar a chegada Dele:

– Eis ai o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!

Eu estava lá quando João O batizou. Eu estava lá no dia em que Ele começou a anunciar o evangelho da paz. Desde o início meu irmão Tiago e eu fomos seus discípulos.

Eu ví quando Ele transformou a água em vinho naquele casamento, testemunhei leprosos sendo purificados, cegos tendo a visão restaurada, mudos falando livremente, surdos ouvindo, paralíticos caminhando e saltando, demônios sendo expulsos com apenas uma palavra, pães e peixes sendo multiplicados para saciar multidões. Nada era impossível para Ele, nós o vimos caminhando sobre o mar, acalmando tempestades, ressuscitando a mortos!

As suas palavras possuíam a capacidade de amolecer corações de pedra. A cada sermão podíamos entender sobre o grande amor de Deus e a sua vontade para as nossas vidas. Ele ensinava às multidões com uma paciência incrível, as suas parábolas nos alegravam, até quando repreendidos sentíamos um zelo por nossas vidas.

Não havia pessoa desprezível o suficiente para não merecer o seu carinho. Publicanos, pecadores, samaritanos, romanos, gregos, prostitutas, adúlteros, leprosos, todos foram alvos de seu grande amor e compaixão.

Naquela ocasião em que Ele se transfigurou, diante dos meus olhos, todas as dúvidas se dissiparam! Ele se tornou nosso Deus e Senhor, nosso Salvador, nossa esperança.

Por isso custo a crer na prisão, nos açoites, naquela horrível coroa de espinhos. Fechei os olhos quando o pregaram na cruz, era demais para mim. Naquela cruz está o homem mais inocente que já pisou nessa terra, e ainda tinha que lidar com as provocações:

– Ajudou a tantos, se salve agora!

– Você não é o rei dos judeus?

– Se és o messias, desça dessa cruz!

Como eu orei para que Ele descesse, mas não aconteceu. Em seu martírio Ele só continuou distribuindo perdões. Já são quase três horas da tarde, porém, desde o meio dia o céu está escuro como a mais densa noite de tempestade.
Mesmo sofrendo dores terríveis, Ele ainda se lembra de me pedir para cuidar de sua mãe. Eu queria poder responder, dizer alguma coisa, mas as palavras estão entaladas em meu pescoço. Abraço Maria e, com o rosto inundado de lágrimas, ouço as suas últimas palavras:

– ESTÁ CONSUMADO, PAI EM TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO.

Ele expirou! Ele está morto! Aquele cordeiro de Deus, imaculado e inocente, morto!

A esperança é a última que morre? Parece que já não faz tanto sentido assim.

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Texto “A esperança é a última que morre”: Alexfábio Custódio
Edição e masterização: Chico Gabriel
Arte da vitrine: Chico Gabriel

Tem um texto para o À Deriva? Envie para aderiva@nobarquinho.com

Duração: 00h10min24s
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